quarta-feira, 29 de abril de 2009
Há despedidas que só acontecem algum tempo depois do adeus..
há despedidas que precisam de tempo e de espaço..
Quando se pensou que era para sempre
quando me senti protegida de tudo nos braços dele
quando foram tantos os caminhos feitos pela primeira vez
fica difícil despedirmos-nos mesmo quando decidimos e escolhemos o adeus..
Talvez ele tenha razão e precisemos da zanga..
para ter outros encontros
e começar a viver outras possibilidades,
outras histórias..
Só depois..
Só depois da zanga
nos poderemos despedir
para nos voltarmos a encontrar
num outro caminho
sempre com saudades
de tudo o que já foi nosso,
mas já sem mágoa
e recomeçar num outro sentido...
.
(Faz sentido hoje..)
terça-feira, 21 de abril de 2009
"Peixes que voam, cavalos que mergulham, pessoas com pinta e uma estrada com vida. Luís Octávio Costa dançou tarraxinha, brincou aos piratas, perdeu-se, desconcentrou-se, respirou fundo. E depois acordou
Para encontrar São Tome no mapa também é preciso optar entre dois comprimidos (Mephaquine ou Malarone, venha o diabo e escolha), encolher para passar por uma toca (aeroporto?) e seguir as dicas de um local, que só não é um coelho branco porque
São Tomé é o país imaginário onde chove sempre à hora marcada (às cinco em ponto), onde os lugares mais inóspitos têm nomes de sentimentos (Fraternidade, Esperança, Perseverança, Solidariedade, Ilusão, Caridade e Saudade), as pessoas têm nomes de descobridores, os frutos não têm nome de frutos e as plantas, com nomes de coisas, têm que vir com o respectivo manual de instruções.
O país é como a sala de cinema que ganhou o nome do poeta Marcelo da Veiga: é único e só funciona às vezes e à velocidade do arranca-não-arranca. Leve-leve. É como um maço de dobras (moeda local) que ameaça desintegrar-se de tão velho e cansado. É um país tão valioso e tão abandonado como as peças que compõe o museu da Fortaleza de S. Sebastião, a ventoinha manual, o serviço inglês, o Rafael Bordalho Pinheiro, os instrumentos de vudu…
Como em qualquer conto de fadas, também São Tomé tem as suas pragas medonhas. Uma é a malária, que vitimiza indiscriminadamente e afasta do arquipélago investidores e turistas. A outra é a sida, para a qual, como antídoto, não há mais do que algumas pinturas murais e preservativos gratuitos nos locais mais civilizados da ilha. A terceira é a corrupção, que delapida os recursos de todos em nome de uns poucos.
Na Roça Rio do Ouro, José Francisco – “Equador”, de Miguel Sousa Tavares, bem preso debaixo do braço enquanto recorda as visitas de estudo da Mocidade Portuguesa – descreve a sua terra como “um verde muito complicado”, um santuário que os portugueses descobriram (ao que se julga) inabitado em 1470-71 e que só largaram a 12 de Julho de 1975, após uma longa historia de colonização. José Francisco é um dos muitos que encolhe os ombros quando se fala de São Tome na sua versão galinha dos ovos de ouro: fértil primeiro; depois esventrada.
À vista, destapadas, ficaram as roças, autênticos castelos com vista privilegiada sobre o Atlântico, assim como a resistente língua portuguesa e a arquitectura colonial, maltratada como uma bola de trapos, como os destroços na baía a que foi dado o nome da fazendeira Ana Chaves.
Descobrir São Tome ainda é perder-se
São Tomé é como o vinho de palma a fermentar numa garrafa de plástico cravada numa palmeira: de manha é doce, agora é forte. É com a relva, curta e fofa. É como o Palácio do Orgulho, como a grade das sanzalas a anunciar as roças. É um puzzle tão grande como o dos quilos de roupa a corar na berma da estrada. É como percorrer as prateleiras do supermercado à luz de uma lanterna. É como envergonhar a folha “não-me-toques” ou descobrir o segredo da árvore das patacas. É confundir as flores com as cortinas rosa choque das barracas. São as fontes a cada cem metros, as petisqueiras a cada cinquenta, os caçadores de macacos e morcegos e a lagoa que engoliu a Amélia, perdida de amores. É negociar uma moto vermelha cromada e estimada para dar a volta à ilha (“400 mil, 300 mil, ok agora a serio”), reabastecer nas Almas, traçar o percurso Loja das Maravilhas-Pneus de Ocasião-Quinta Amor ao Trabalho. È descer a avenida das Nações Unidas, virar à esquerda na Independência e espreguiçar-se na praia de Micondo. É terminar o dia sem saber bem o que significa “stress kê kua”. E despedir-se do Albertino com um cumprimento longo e secreto."
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Os dias passam..
A vida passa..
Tenho pena dos que nunca A aprendem a agarrar..
E tenho pena quando também eu
não A consigo agarrar como me apetece..
E tenho pena porque a sei rápida..
Neste tempo que vivo agora há muita coisa a enchê-la.
Mas nem sempre o bastante para me preencher..
Fazem falta aos meus dias..
muito dos meus "pilares"..
muitos dos meus lugares..
Apenas tenho saudades..
"As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades..
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir ..
Há gente que fica na históriada
história da gente..
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir..
São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder
Há dias que marcam a alma
e a vida da gente"
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Hoje foi o dia..
“Estou sentada nesta mesa que tanto vou recordar..
Olho para ti de longe e não te sinto aqui.. não te sinto perto como sempre quisemos.. Como sempre imaginámos..
Imaginámos tanto estar aqui os dois.. juntos, e agora que estamos estás longe..
Estamos tão longe..
Estamos distantes..
Não te consigo chegar..
Hoje tenho saudades tuas..
E estás aqui tão perto e tão longe..
A uma pequena distancia de um abraço e
A uma enorme distancia de uma conversa..
Não percebo..
Não percebo o que nos aconteceu..
Mas..
Sei que um dia iremos perceber..
Um dia iremos voltar a ter a ter os nossos momentos..
Um dia iremos voltar a perder o tempo nas nossas conversas..
Um dia irás perceber a importância que continuas a ter na minha vida..
Um dia iremos rir juntos destes momentos..
Fico a espera desse dia..”
STP 07
terça-feira, 14 de abril de 2009
Sim..mas não cura os nossos medos, as nossas inseguranças, as mágoas que temos dentro..
Não nos faz gostar mais de nós ou saber gostar melhor dos outros..
Não nos reconstroi o tecido rasgado dos cortes que fomos acumulando..
Isso é um trabalho nosso..
O tempo ajuda a cicatrizar, mas somos nós que temos que desinfectar, dar os pontos (um a um) e passar água nas feridas..
E custa e demora e parece por vezes mais do que aquilo que julgamos suportar..
Mas a vida tem um jeito estranho de nos mostrar que o que parecia impossível não é assim tão difícil, que o impensável pode acontecer amanhã, que as "esquinas" estão cheias de surpresas e que sim...
afinal é verdade..
não há nada que o tempo não cure..